sábado, 27 de março de 2010

E AGORA, LULA?


Que o PT e cheio de contradições, todo mundo já tá careca de saber. Foi uma coisa sendo a "pedra", hoje é outra sendo "vidraça".

O Presidente Lula, seguindo essa linha, nunca perdeu a oportunidade de ficar calado, quando tenta justificar o injustificável. O seu comentário estapafúrdio no caso da greve de fome do ativista cubano, Orlando Zapata, que o levou a morte depois de 83 dias de jejum, justamente na semana que Lula visitava a ilha e posava sorridente ao lado dos ditadores cubanos, pode não ter lhe tirado a popularidade aqui dentro, mas, lá fora, a comunidade internacional "tremeu nas bases" ao ouvi-lo comparar o preso político cubano aos deliquentes do PCC Paulista, e, o que é pior, pode ter roubado do presidente o seu sonho com o nobel da paz.

No caso do besteirol citado acima a equipe de "puxa-sacos" de Lula tentou minimizar as declarações dizendo que o presidente brasileiro não "dá pitaco" em assuntos que só diz respeito ao país estrangeiro, no caso Cuba, e que Lula não havia recebido nenhuma carta do ativista.

Pois bem, agora a história é outra. A blogueira cubana Yoani Sánchez, uma das principais dissidentes do regime dos irmãos Castro, escreveu uma carta em que pede ajuda ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para poder visitar o Brasil – ela tem sido sistematicamente impedida de viajar para fora de seu país. Yoani pretende comparecer à primeira exibição de um documentário feito pelo brasileiro Cláudio Galvão da Silva, o Dado,(www.dadogalvao.org) sobre a vida dela e os movimentos de oposição em Cuba, entre eles as chamadas Damas de Branco. O evento deve ocorrer em junho.

Na carta endereçada ao presidente, datada de 14 de março, Yoani cita a relação próxima entre Lula e os Castros para que ele interceda a seu favor. “O senhor deu recentes mostras de possuir grande confiança na boa fé do governo cubano. Alimento a esperança de que, talvez, aqueles que governam meu país queiram manter viva esta sua confiança e – para não frustrá-lo – atendam a seu pedido de que me deem a autorização para visitar o Brasil”.

O pedido de Yoani deve colocar Lula novamente em uma situação delicada. Yoani classificou as declarações de Lula no episódio ZAPATA como “infelizes” e as creditou “a uma base na desinformação e à cega confiança nas pessoas que governam Cuba”. Segundo ela, “Lula já deve ter refletido melhor sobre o que aconteceu aqui”.

Esta não é a primeira vez que Yoani tenta vir ao Brasil. Em outubro, ela foi convidada para o lançamento da versão em português de seu livro De Cuba, com carinho. Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviou uma carta ao governo cubano pedindo que Havana concedesse uma saída temporária a Yoani. Não adiantou nada. Ela não viaja para o exterior desde 2004 – já pediu autorização seis vezes, todas sem sucesso. Mas não perde o otimismo. “Enquanto o presidente Lula não mostrar que desconsiderou meu pedido, vou dar crédito a ele.”

É presidente, dessa vez ficará esquisito o Palácio do Planalto insistir que o senhor não recebeu nenhuma carta.

Na de Yoani, datada de 14 de março, o senhor deve ter lido o trecho em que ela diz: “O senhor estaria pedindo aquilo que, para qualquer brasileiro – e para qualquer ser humano –, é um direito inalienável”.

Todos nós, brasileiros, nos sentimos aliviados por viver numa democracia. Não somos a Venezuela, que continua a prender quem se atreve a “falar mal” do comandante Hugo Chávez. Não somos a China, onde o Google decidiu finalmente não se submeter à censura do dragão. Tampouco estamos no Irã, onde a bela Neda, de 27 anos, morreu com um tiro no peito em manifestação – seu noivo, Makan, está exilado no Canadá.

É pena que Lula continue a enxergar apenas “má-fé” na mídia. A mesma mídia que comemorou sua eleição histórica em 2002. A mesma que o enaltece quando merece e o critica nas horas certas. Lula quer manchete, mas só de louvação, de puxa-saquismo, como acontece na imprensa oficial cubana ou venezuelana.

É uma boa hora, presidente, para homenagear a liberdade de expressão. E para dizer a Yoani que, sim, o Brasil pode ajudá-la a sair da ilha para vir ao nosso país, unido hoe pela democacia. Basta o senhor querer e ter a coragem de desagradar os irmãos Castros (mui companheiros) pedindo por Yoani.

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